quinta-feira, 24 de abril de 2014

Desmatamento não é o único desafio

Além de enfrentarem o problema do desmatamento, decorrente da invasão de suas terras, o Povo Gavião também encara outros desafios, como caça, pesca e coleta ilegais; Tráfico de fauna e flora; Atuação de grandes projetos como a Usina Hidrelétrica de Estreito; Plantação de eucaliptos nas fazendas do entorno; Construção de rodovias estaduais e municipais; Atividades de agricultura e pecuária de não-índios no entorno, causando danos aos mananciais; Extração ilegal de areia e piçarra e depósito ilegal de lixo, esgoto e animais mortos dentro da Terra Indígena, oriundos da cidade e povoados vizinhos.

OFICINAS

Os índios pretendem, por meio do projeto que vem sendo desenvolvido, realizar ações que tragam soluções para estes problemas, realizando, por exemplo, oficinas com os anciãos ensinando aos guardiões o conhecimento do Território do Povo Gavião. Para a formação de pesquisadores indígenas, agentes ambientais e florestais e diretoria da associação da Aldeia Nova, também são realizadas oficinas com o objetivo de qualificar tecnicamente os indígenas.
Com o intuito de reflorestar os limites do território e as áreas degradadas pela atividade madeireira ilegal, além de nascentes de rios e córregos, é pensada a criação de um viveiro e local para armazenamento de sementes com a realização, também, de oficina em implantação e manutenção de viveiros ecológicos, realização de expedições para a coleta de sementes de plantas nativas e frutíferas e atividades de reflorestamento na Terra Indígena Governador.
A associação prevê, ainda, durante o período do projeto, realizar oficinas de etnomapeamento e zoneamento da Terra Indígena Governador, com ações educativas dentro e nos entornos da área. A comunicação interna também está sendo pensada com a intenção de se criar uma rádio comunitária para o Povo Gavião divulgar suas notícias, formando assim operadores e técnicos para executar funções na rádio comunitária.
O projeto prevê, ainda, a construção de publicações, em diversos formatos, para divulgação das atividades realizadas durante o projeto – como é o caso deste blog - e, além disso, a construção de uma mini-gráfica para a confecção de publicações e materiais de propaganda relacionada a Terra Indígena Governador e Povo Gavião, com atenção voltada para a formação de recursos humanos para o manuseio dos aparelhos da gráfica.




Comunidade indígena enfrenta invasão de terras

O principal problema que a associação pretende resolver a partir da execução do projeto “Me ejcytji him pex txy: O resgate da proteção territorial feita pelos anciãos do Povo Pyhcop Catiji (Gavião)” é a invasão do território pelos brancos que habitam no entorno da terra indígena. Essa invasão tem trazido problemas ambientais, como a retirada de madeira na Terra Indígena Araribóia para as serrarias dos municípios circunvizinhos, alastrando-se para a Terra Indígena Governador, prática à qual os índios são totalmente contrários, o que acaba trazendo represálias contra eles.
Historicamente, o Povo Gavião possuía uma grande aldeia, chamada “cyj txy teh”, raiz dessa etnia, localizada próximo às aldeias existentes atualmente, sendo que seu território abrangia desde as proximidades do Rio Grajaú até o Rio Tocantins, por onde tradicionalmente o povo circulava. Inclusive, ainda hoje, há habitantes desta aldeia circulando dentro das atuais aldeias do Povo Gavião.
Com o aumento dos latifúndios em torno deste território a área foi diminuindo enquanto, de forma simultânea, nasciam situações conflitantes como, por exemplo, assassinatos de indígenas, epidemias, queimada de aldeias, entre outras.  Em meio a tudo isso, a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi obrigada a demarcar uma área que é definida pelos limites atuais, porém foi inscrito sem a presença de um laudo antropológico coerente.

Atualmente, mesmo demarcada e homologada pelo Governo Federal, a Terra Indígena Governador passa por um processo de revisão dos seus limites para tentar corrigir a distorções na territorialidade do Povo Pyhcop Catiji (Gavião). Defender a territorialidade é necessário para esse povo e a execução deste projeto é uma das maneiras de se preservar esta área. 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Projeto atua na proteção territorial da Aldeia Nova


O projeto “Me ejcytji him pex txy: O resgate da proteção territorial feita pelos anciãos do Povo Pyhcop Catiji (Gavião)”, que envolve 1.200 índios, foi aprovado por meio de solicitação da Associação Comunitária Indígena da Aldeia Nova, localizada no município de Amarante, do Maranhão, fundada em 2006 e atualmente coordenada por João Carneiro Bandeira Gavião.
Com duração de 12 meses, o projeto atua na proteção territorial, uma das áreas temáticas abrangidas pelo “Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas” (PDPI), do Governo Federal. A associação solicitou, ao PDPI, o montante de R$ 315.853 apresentando uma contrapartida de R$ 83.169,55, totalizando R$ 399.022,55.

Alguns objetivos do projeto são resgatar a proteção territorial a partir do ensinamento dos anciãos do Povo Gavião; Formar os pesquisadores indígenas, agentes ambientais e florestais e diretoria da associação da Aldeia Nova; Reflorestar os limites da terra indígena e as áreas degradadas pela atividade madeireira ilegal, bem como as nascentes de rios e córregos; Realizar oficinas de etnomapeamento e zoneamento da Terra Indígena Governador; Realizar ações educativas dentro da TI e nos entornos e construir a publicação em áudio e vídeo dos resultados do trabalho.